Prédio térreo de esquina, construído no “Largo de Sant’Ana”, ou “Largo da Cadeia”, provavelmente no final do século XVIII e início do século XIX, em pedra e barro, para uso residencial e comercial. Na construção original, a fachada tinha apenas portas, sendo posteriormente, cinco dessas portas transformadas em janelas.
Sabe-se que esse prédio, em 1835, durante a invasão cabana à cidade de Óbidos, serviu de posto médico aos Cabanos, que tinham tratados seus ferimentos e principalmente as doenças que contraiam, como a malária e a cólera, doenças epidêmicas e cíclicas da Amazônia e que até meados desse século, ainda dizimavam parcelas significativas de sua população.
Antigo Posto Médico Cabano (Foto: Vander N Andrade)
O sistema de saúde em Óbidos, até a década de 20, constava de uma Enfermaria Militar, onde a comunidade buscava tratamento para as enfermidades e epidemias. Inicialmente, funcionava no interior do Forte, e, que, posteriormente, transferiu-se para a praça de Sant’Ana para um antigo prédio ao lado da Cadeia Pública, segundo um relatório de guerra, datado em 1914. Essa Enfermaria Militar transferiu-se na década de 40, para o Quartel, até a sua desativação na década de 60. Em 1922 foi construída uma unidade hospitalar no município, a Santa Casa de Misericórdia, por iniciativa do povo e com dinheiro dele próprio. Localizava-se na antiga rua 13 de Maio, hoje rua Marcos Rodrigues de Souza, onde hoje, acha-se instalada a Secretaria de Estado da Fazenda.
Antigo Posto de Saúde Cabano (Foto: Vander N Andrade)
Somente foi a essa unidade hospitalar, que os ribeirinhos, pescadores e coletores recorreram para livrar-se da grande epidemia da malária de 1934, que dizimou parte da população Obidense.
Este prédio pertencia ao Sr. Antônio Diniz e a sua esposa, D. Anna Guimarães Diniz, que lavraram a escritura de compra do imóvel em 08/03/1913, em favor do comerciante italiano Rosário Conte Galati.
É provável que o Sr. Galati tenha alugado nesta mesma década, parte do prédio ao professor José Tostes, para nele instalar o “Colégio Brasil”, até o ano de 1922.
O italiano Rosário Conte Galati, foi quem introduziu o “Cinema Mudo” em Óbidos, primeiro fazendo apresentação na “Praça do Bom Jesus”, da fita cinematográfica “Vida e Morte de Cristo”, narrada pelo próprio Galati. Posteriormente, com a ajuda de seu sócio Romam Pomar, instalou o “Cinema Amazonas” (1928/1929), na rua General Deodoro, hoje rua Deputado Raimundo Chaves. Finalmente em 1932, instalou-se na parte residencial deste prédio o “Cinema Rosário”.
Rosário Conte Galati, e sua esposa, Sra. Flávia Machado Galati, deixaram este prédio aos seus quatro filhos através de testamento, datado de 01 de julho de 1957, tendo, hoje, contudo, como única proprietária, a Sra. Zoraia Rizet Conte Galati, que a preserva em homenagem á memória de seus pais e a história do Município.
Fonte de Pesquisa: Museu Integrado de Óbidos
www.obidos.net.br - Fotos João Canto e Vander N Andrade
Matéria originalmente publicada em 02 de Mai de 2019.