A Matéria “Nosso patrimônio em ruínas” foi publicado originalmente em outubro de 2012, quando Óbidos completou 315 anos, agora estamos republicando, a qual está mais atual do que nunca, pois naquela época alertávamos para os vários casarios que estavam em ruínas, como Casario da Rua Bacuri, em Óbidos, que está sendo demolido aos poucos, na calada da noite, para dar lugar a uma agência do BanPará. Registramos algumas imagens, onde aparece as ruínas e o que ainda resta do casario, patrimônio histórico de Óbidos.
NOSSO PATRIMÔNIO EM RUÍNAS
Óbidos completa no dia 2 de outubro de 2016, 319 anos, e não temos muito o que comemorar com referência a preservação, conservação e restauração do patrimônio arquitetônico, cultural e histórico de nossa cidade.
A Constituição Federal de 1988 define, um seu artigo 216, o que é o patrimônio cultural brasileiro, assim se expressando: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira...”
A herança cultural, que é deixada através dos séculos, envolve além dos bens naturais, os monumentos e as edificações que revelam as características das diferentes fases vividas por uma comunidade e a sua memória.
Segundo Maia (2003), quando se pensa em memória de um povo, vem logo em mente a palavra preservação, o que remete à ideia de proteção, cuidado, respeito. Preservar não é apenas guardar algo, mas também fazer levantamentos, cadastramentos, inventários, registros, etc.
É necessário a preservação do patrimônio histórico e cultural, pois esse patrimônio é o testemunho vivo da herança cultural de gerações passadas que exerce papel fundamental no momento presente e se projeta para o futuro, transmitindo às gerações por vir as referências de um tempo e de um espaço singulares, que jamais serão revividos, mas revisitados, criando a consciência e construindo a sua história
Preservar um patrimônio histórico é dever do Estado e direito da comunidade, que muitas vezes luta para ver conservada a memória de fatos que ocorreram em seu passado e seus valores culturais.
Portanto, Óbidos com seus prédios seculares, verdadeiros patrimônios históricos culturais, precisam ser preservados, pois muitas dessas edificações estão sofrendo com a sua descaracterização, principalmente pela falta de consciência, pois muitas vezes são reformados perdendo totalmente a sua originalidade.
Outro fato é o descaso, pois muitos casarios foram abandonados por seus proprietários e por falta de cuidado, começam a desmoronar. Assim, vão desaparecendo juntamente com as nossas memórias. Alguns resistem ao tempo e as intempéries, mas não resistirão por muito tempo, pois deles só existem as fachadas e as paredes laterais, sem qualquer cobertura, o destino destes é a ruina total.
“O direito à memória é garantido quando a comunidade toma consciência do seu papel fundamental de guardiã do próprio patrimônio, passando então a impedir a degradação e a destruição do meio ambiente, imóveis e objetos culturais, numa ação de salvaguarda preventiva”, afirma Maia (2003)
Assim, Óbidos deveria se prover de uma Lei Municipal que protegesse os prédios históricos, efetivamente, regulamentando a construção de novos edifícios no centro da cidade onde estão esses prédios; como também regulamentasse a reforma desses prédios, coibindo a sua descaracterização, assim estaríamos garantindo parte de nossa história.
Outro caminho, seria a conscientização através da educação, pois existe uma disciplina que faz parte do currículo das Escolas Municipais, denominada “História de Óbidos”. Portanto, o caminho é educar em todos os níveis, objetivando que crianças, jovens e adultos tenham consciência da necessidade de manter viva a herança cultural de nossos antepassados.
Como afirma Maia: “A melhor forma de preservar o patrimônio cultural é através do respeito e interesse do próprio povo em assegurar a proteção dos testemunhos de uma cultura, permitindo assim o exercício pleno da cidadania”.
As fotografias seguintes mostram algumas dessas edificações que estão em péssimo estado de conservação, outros apenas com suas fachadas e outras já não existem mais.
Por João Canto
NOTA: Matéria originalmente publicada em outubro de 2012.
FOTOS...
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