PAIS ADOTIVOS

PAIS ADOTIVOS

Haroldo Figueira. 

Hoje, dia 14.08.2022, dia consagrado aos pais, pus-me a refletir sobre o dom da paternidade, eu que usufruí da graça e da felicidade de me tornar pai de quatro filhos biológicos e que sei, por experiência própria, o quanto me apraz e é gratificante para mim sentir-me reconhecido e amado por aqueles que ajudei a trazer ao mundo, cuidando de seu desenvolvimento e de sua formação.

Minha meditação principal, porém, gira em torno dos pais adotivos. Isso, porque, gerar um filho, em grande parte das vezes, não está nas cogitações dos casais que se envolvem em uma relação sexual. O fato se dá, em situações não planejadas assim, como consequência acidental. Já nos casos de adoção, a decisão é voluntária, deliberada e, por isso mesmo, implica gesto de amor dos mais autênticos e grandiosos.

Conheci muitas pessoas que, mesmo possuindo filhos de sangue, ainda assim decidiram pela adoção de crianças que, não raras vezes, foram entregues a juizados e casas de caridade por um impulso de desespero de mães solteiras ou abandonadas que, premidas pela impossibilidade material de criá-las, entregaram-nas a contragosto aos cuidados de terceiros.

Quantos adultos de vida bem resolvida não existem por aí cujos êxitos se devem à atitude generosa daqueles que um dia, movidos por sentimentos humanitários, resolveram aceitá-los como se fossem seus filhos naturais, custeando seus estudos, zelando por seus aprimoramentos morais e orientando-os quanto ao rumo certo a ser seguido?

Ao se tornarem cidadãos úteis à sociedade, acabaram por proporcionar aos homens e mulheres de boa vontade que os acolheram, além de satisfação com o resultado de seus trabalhos, a sensação reconfortante de missão cumprida e de terem agido com acerto quando se dispuseram a abrir-lhes as portas de seus corações e de seus lares.

Poderia me delongar um pouco mais neste meu comentário alusivo aos pais adotivos, inclusive falando de experiências que testemunhei relacionadas com amigos e parentes próximos. Estendê-lo, talvez, a outras pessoas que conheço, possuidoras de elevado espírito altruísta, que não hesitaram em adotar crianças portadoras de graves deficiências físicas ou intelectuais, mesmo cientes dos pesados ônus inerentes às suas decisões.

Contento-me em dar destaque, todavia, a um único e modelar exemplo histórico, até porque transpõe os limites do mundano e se liga aos desígnios do Alto. Refiro-me à figura icônica de São José, o pai adotivo por excelência, que embora relutantemente, a princípio, assumiu com determinação a paternidade de Jesus Cristo, criando-o, educando-o, protegendo-o e amando-o como se fosse o corresponsável pela geração de sua vida.

Abençoados sejam, pois, todos pais, os naturais e os que conquistaram esse status pela via nobre da adoção.

Natal, 14.08.2022   

 

Comentários  

0 #3 Danielle 15-08-2022 21:57
Linda reflexão.
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0 #2 Ileana 15-08-2022 19:52
Parabéns pela bela crônica
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0 #1 Ileana 15-08-2022 19:51
Sempre inspirador ler suas crônicas
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