O livro já pode ser acessado via web no link publicado no final da matéria.
Na última segunda-feira, dia 1º de junho, o Museu Emilio Goeldi, em Belém, foi palco do lançamento do livro "A viagem circular de Paul Le Cointe (1900-1901)", durante o seminário "Paul Le Cointe na Amazônia: colonialismo e ciência no contexto da economia da borracha, 1890-1920". A obra, disponível para leitura, é uma transcrição e tradução do diário de viagem do francês Paul Le Cointe, escrito entre 1900 e 1902, e foi organizada por Nelson Sanjad, Emilie Stoll e Heloisa Maria Bertol Domingues.
Paul Le Cointe, um agrimensor e cônsul francês que viveu em Óbidos no início do século XX, é o foco desta obra que resgata sua trajetória e contribuições para a história política e econômica da Amazônia. Chegando a Óbidos em 1891 com o desejo de explorar a região a serviço do colonialismo francês, Le Cointe teve sua missão cancelada pelo Estado francês logo após sua chegada. Mesmo assim, ele decidiu permanecer no Pará, onde passou o restante de sua vida pesquisando a natureza, com ênfase na cultura do cacau e das seringueiras.
A pesquisadora francesa Emilie Stoll, do Centro de Pesquisa da França e o paraense Nelson Sanjad, pesquisador do Museu Emilio Goeldi, que desde a redescoberta do diário em 2011 têm se dedicado ao estudo de Le Cointe, participaram do lançamento. Emilie comentou sobre o projeto de pesquisa: "Este projeto nos ensinou que sabemos pouco sobre Paul Le Cointe e que esta obra não é uma finalização, mas o início de uma pesquisa maior. Descobrimos que ele foi uma pessoa que publicou muito sobre a Amazônia, algo desconhecido até então, e começamos a entender melhor as facetas de sua personalidade".
O lançamento do livro não apenas celebra a figura de Paul Le Cointe, mas também ilumina a complexa interseção entre colonialismo, ciência e economia na Amazônia durante o final do século XIX e início do século XX. O evento contou com apresentação musical de Nina Forline e no final foi servido um coquetel aos presentes.
Apresentamos um trecho constante do livro "A viagem circular de Paul Le Cointe (1900-1901)" sobre Óbidos.
Galeria de fotos...
http://www.obidos.net.br/index.php/cultura/literatura/7095-o-livro-sobre-o-frances-paul-le-cointe-que-viveu-em-obidos-foi-lancado-em-belem#sigProIdaefedd6aff
Na_sociedade_de_Óbidos
Em 1895, Le Cointe se casou em Óbidos com Maria Corrêa Pinto, filha de uma família proeminente. Seu cunhado, Augusto Corrêa Pinto, era o intendente de Óbidos desde 1889 (Stoll et al., 2017, p. 69-71).24 Le Cointe apoiou as ações políticas de sua família por casamento e se envolveu nas convulsões políticas do início da República. Em 1900, o Partido Republicano perdeu as eleições municipais e os amigos de Corrêa Pinto enfrentaram dificuldades.
No momento da criação do posto consular, havia apenas três franceses em Óbidos, incluindo um padre “irascível” e um agricultor que retornou à França pouco depois.25 De junho a setembro de 1899, os conflitos se intensificaram. Le Cointe apoiou o padre em seu conflito com notáveis locais, que o acusaram de tê-los ameaçado com armas. O padre foi expulso de Óbidos e se refugiou em Belém, acompanhado por Le Cointe. O cônsul de Belém teve que intervir várias vezes para acalmar os conflitos com o governador do estado. Todos esses incidentes estão documentados abundantemente no arquivo do posto consular francês de Óbidos – e foram amplamente divulgados em outubro de 1899, no jornal A Província do Pará, de Belém. No final de outubro, o cônsul resolveu retirar Le Cointe de Óbidos, conforme solicitado pelo próprio interessado: “gostaria de me dedicar em tempo integral aos meus estudos, sem ser interrompido por essas intrigas nauseantes. Portanto, minha intenção não é permanecer por muito tempo em Óbidos.”26 Le Cointe tentou obter um cargo no Museu Paraense de História Natural e Etnografia (atual Museu Paraense Emílio Goeldi), mas isso não deu certo (ver o texto de Nelson Sanjad e Emilie Stoll neste volume). Foi quando ele decidiu partir em uma viagem com sua esposa para a Bolívia......
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