O salão do Livro do Baixo Amazonas, extensão da Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém, chega a sua décima versão na região do Baixo-Amazonas. O evento foi aberto nesta sexta-feira, dia 24 de novembro, com a presença de autoridades locais e do Estado e na ocasião foi feita uma visitação geral aos estandes e houve uma noite musical com a Banda Filarmônica Professor José Agostinho e dos Amigos da Fila, como também lançamento de livros.
Um dos livros lançados na abertura X Salão do Livro da Região do Baixo Amazonas, foi a primeira obra de Hélcio Amaral de Sousa, intitulado: “Guardador de memórias - Fragmentos históricos da Amazônia”, onde o autor reuniu seus amigos e os admiradores da boa leitura, para a sessão de autógrafos, bastante concorrida, mostrando o prestígio e o reconhecimento do autor.
Além dessa atividade, Hélcio Amaral participará do Encontro Literário, no dia 28 de novembro às 19h30. No Encontro Literário o escritor convidado apresentará a suas obras e trajetória literária, com o auxílio de um mediador, interagindo com a plateia. O jornalista Tito Barata fará a mediação.
Hélcio Amaral
O historiador Hélcio Amaral de Sousa, 74 anos, é natural de Juruti, mais especificamente Lago Grande do Salé, da Fazenda Nava, viveu sua infância e adolescência em Óbidos, depois mudou-se para Santarém, onde vive há mais de 60 anos. Conhece como poucos a história de Santarém, Óbidos e outras cidades do oeste do Pará.
Hélcio vive em Santarém e é um dos muitos habitantes das cidades do oeste do Pará que encontraram em Santarém a oportunidade de estudar numa época em que o acesso à educação era muito limitado nas cidades circunvizinhas a Santarém.
FOTOS....
http://www.obidos.net.br/index.php/cultura/literatura/1550-helcio-amaral-lancou-seu-livro-guardador-de-memorias-no-x-salao-do-livro-em-santarem#sigProIdaaaf48a4a6
O Livro
O “Guardador de memórias - Fragmentos históricos da Amazônia” é o primeiro livro de Hélcio Amaral de Sousa, assíduo pesquisador dos ciclos econômicos da Amazônia e das transformações advindas desses momentos Hélcio Amaral, ao longo da sua trajetória, aprimorou seu conhecimento e nos presenteia agora com essa obra rica em relatos de grande valor cultural. Os fragmentos das suas leituras nos mostram tanto a riqueza socioambiental quanto os desastres político-econômicos que a região enfrenta desde o início da sua ocupação marcada pela descida do rio Amazonas – dos Andes até sua foz – ainda no século XVI, por Francisco Orellana.
Os principais ciclos econômicos da Amazônia, como o do cacau, da borracha, da juta e do ouro, são discutidos com muita propriedade e nos levam a uma reflexão sobre as históricas crises por qual passou (e ainda passa) essa região. Discorre também sobre importantes registros feitos por pesquisadores e viajantes que contribuíram para o desenvolvimento da ciência com suas anotações detalhadas e ricas ilustrações que mostravam a fauna e a flora exóticas bem como os indígenas, retratados com sua cultura tão diferente de qualquer uma que o europeu já tivesse conhecido até então.
Santarém, cidade que o acolheu ainda garoto e onde vive até hoje com sua esposa Rosi, é colocada para o leitor numa narrativa leve e bem-humorada onde os aspectos culturais das famílias da Época da Vovó, por exemplo, são descritos mostrando os inúmeros desafios enfrentados pelas pessoas que moravam nas cidades do baixo amazonas e que não dispunham nem de serviços de saneamento básico e nem de energia elétrica, por exemplo. Pessoas empreendedoras se dispuseram a promover o desenvolvimento econômico que beneficiasse toda a região, registro feito quando narra a história da Tecejuta e os graves problemas ambientais deixados pelos canais de colmatagem de Cacoal Grande. Registra a generosidade com que os santarenos receberam os ex-confederados norte-americanos, no século XIX e os nordestinos – os Soldados da Borracha – na segunda metade do século XX. Ambos os grupos, com sua diversidade cultural, contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento econômico de Santarém e do Baixo Amazonas.
A história da fazenda Taperinha, onde localiza-se a edificação rural mais antiga da Amazônia, é contada resumidamente tão somente para enfatizar a importância daquele lugar para o desenvolvimento científico e econômico da Amazônia, sem nenhuma pretensão de competir com os estudos de arqueologia realizados por importantes cientistas, como a doutora Anna Roosevelt que, em 1984, constatou através do sambaqui Taperinha, a existência de uma civilização de 7.000 anos na região.
Muitas histórias narradas nessa obra não tinham registros escritos até então, eram apenas informações orais que o autor recebera de familiares e amigos; mas curioso como só ele saber ser investigou e resolveu registrá-las após constatar a veracidade dos fatos. As intrigantes narrativas da Caldeira do Barão e a da Via Sacra do Beiradão são esses exemplos e a partir de agora ficarão registrados na cultura e na história dos santarenos.
De acordo com a doutora Denise Gomes, pesquisadora do Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro e que prefaciou essa obra, “esse é um livro para ser lido aos poucos, uma crônica de cada vez, a serem absorvidas em todos os seus detalhes”. O livro foi escrito devagarzinho, quase sem pressa, e agora será uma boa companhia para os momentos de lazer cultural.
www.obidos.net.br -> Fotos de Neto e Gláucio