FRANCISCO DE ASSIS: A Oração – 4ª PARTE

FRANCISCO DE ASSIS: A Oração – 4ª PARTE

Edilberto Santos        

*Pois é dando que se recebe.

É fácil notar que agora Francisco nesta Oração assume o papel de professor, de mestre e orientador dos fiéis seguidores da Ordem dos Frades Menores depois Ordem dos Franciscanos e não sem méritos Divinos, seu nome foi escolhido para distinguir o atual Papa.

A crença, a fé de Francisco em que é dando que se recebe, está concretamente demonstrada em suas atitudes desde sua conversão e não se limita como pode parecer à primeira vista, a dar o que se tem de bens materiais para alcançar o bem espiritual, como se fosse uma barganha com Deus do tipo eu dou esmolas e o Senhor me leva para o Céu.

A doação preconizada nesta Oração é a doação de você mesmo para o seu próximo, é a sua preferência em cuidar primeiro dos que sofrem para depois cuidar de si mesmo, é se doar como fez JESUS que mesmo martirizado na cruz, se doou e dirigiu-se ao Pai Eterno dizendo: “Pai Perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”.

*É perdoando que se é perdoado.

O perdão é um exemplo de doação mencionado na estrofe que lhe antecede quando exorta os fiéis a perdoar, a tomar a iniciativa de não revidar uma agressão sofrida antes pelo contrário, ensina o perdão ao agressor e isso não é coisa só para quem é Santo não, mas serve para todos nós que estamos longe dessas virtudes.

Certa vez disse-me um amigo que uma das vantagens de se ficar mais velho é ter fatos, estórias, causos e casos para contar, e eu também tenho um fato ocorrido comigo que demonstra o acerto e a proximidade de nós, simples mortais, da estrofe acima.

Estava eu voltando do trabalho bastante estressado, para variar, quando uma senhora dirigindo um veículo na minha frente sinalizava que iria dobrar à esquerda e de repente, virou para a direita justamente no momento em que eu ia começar a ultrapassá-la, o que me levou a acionar bruscamente o freio e também jogar meu carro para a direita, o que levou por consequência o ônibus que vinha pela direita, a também brecar e desviar para a calçada, assustando os pedestres que passavam.

Como efeito rebote os pedestres xingaram o motorista do ônibus, que por sua vez botou a cara para fora e me xingou bastante (não sei porque sempre lembram da nossa mãe nesses momentos) e eu também, baixei o vidro e botei a cara para fora e comecei a xingar a motorista “barbeira” quando esta abriu também o vidro direito do seu carro e eu, esperando os impropérios de sua parte, recebi dela em alto e bom som um sentido pedido de desculpas, de perdão, posto que disse-me que não morava em Belém e estava perdida no trânsito. Fechei o vidro do carro e fui para casa sentindo vergonha de mim mesmo pela minha reação.

Experimente assim proceder no trânsito, no supermercado, no seu trabalho, na escola, enfim, na vida, e lembre-se dessa lição de São Francisco que é perfeitamente factível nos dias de hoje, pois não resta dúvida que é Perdoando que se é perdoado.

É sempre bom lembrar, que esta Oração transcende os nossos entendimentos existencialistas no sentido do que foi mostrado acima, para alcançar sentido mais profundo e espiritual e assim sendo, não devemos olvidar que Francisco se eleva espiritualmente quando prega, tal como ensinou Jesus, o perdão como comportamento primeiro para a paz de espírito que todos pretendemos alcançar em nossas vidas.

*E é morrendo que se vive para a vida eterna.

O fecho dessa Oração é sublime, e nos remete à reflexão sobre a vida após a nossa morte física. Vale a pergunta e a provocação: você acha e crê que São Francisco de Assis não mais existe? Não está mais vivo para atender e consolar os que nele têm Fé?

Mais uma vez Francisco assume aqui uma atitude que chamo de proativa para ensinar e pedir reflexão a todos os cristãos, seus irmãos, ensinando através dessa Oração que de fato a morte não encerra a vida nem a dele que foi canonizado e nem a vida de ninguém, caso contrário, de nada valeriam as religiões e seus ensinamentos morais e Divinos, se de fato a nossa vida simplesmente acabasse no evento morte.

Todas as religiões que tive oportunidade de estudar, todas, indistintamente, pregam a existência de uma divindade que está a regular o nosso comportamento humano variando de foco e ensinamentos doutrinários, porém, sempre voltadas a uma existência consoante com o Divino em que acreditamos.

É fácil raciocinar a contrário senso, para observar que sem essas crenças e conceitos morais, dogmáticos, religiosos enfim, sem a crença em uma Divindade qualquer e em uma vida posterior a esta, o homem se confundiria com os animais irracionais e promoveria a barbárie, a desordem moral e social, enfim, seria o Caos na Terra.

São Francisco nesta Oração ensina, que não se deve temer a morte posto que somente é possível nascer para a vida eterna após a morte física, e assim, continuo concordando e aplaudindo a lapidar frase que intitula o artigo do amigo e conterrâneo Dino Priante publicado nos mesmos veículos que me acolhem: A MORTE É NECESSÁRIA. 

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