25 DE MARÇO, UMA DATA ESQUECIDA QUE PRECISA SER LEMBRADA

25 DE MARÇO, UMA DATA ESQUECIDA QUE PRECISA SER LEMBRADA

Prof. Carlos Vieira. 

A história é construída de fatos e feitos de homens que mudaram a concepção de gerações. Óbidos teve um diferencial das demais cidades do Baixo Amazonas, fundadas no decorrer do período colonial.

Se observarmos a história de Santarém, Alenquer, Faro e Juruti, tiveram como gênese as missões religiosas, geralmente organizadas por franciscanos ou jesuítas. Quanto a Óbidos, o povoado surgiu a partir de uma fortificação construída no ano de 1698 (Bento, 2003. Pg.80), com o objetivo de manter a soberania portuguesa sobre a região.           

Foi exatamente a 261 anos passados, no dia 22 de março de 1758 que chegou em Óbidos o então Governador da Província do Grão-Pará e Maranhão, Capitão -  General Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Primeiro Ministro português, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal.

Três dias depois, no dia 25 (sábado de Aleluia), o Sr. Governador reuniu índios de três aldeias: a primeira, administrada pelos militares que ficava localizada próximo a fortaleza. Segundo Reis (1979), tinha como protetora Senhora Sant’Ana;

A segunda, localizada um pouco abaixo da entrada do Rio Trombetas, esta segundo Fragoso (1983), já era visitada desde 1660 pelos padres jesuítas, possivelmente a dos índios Condurizes (na entrada do Lago Arapucú), na época sob a responsabilidade dos Padres da Ordem dos Capuchos da Piedade, e tinha como padroeira Senhora da Conceição.

  A terceira, a aldeia dos Barés, denominada por Mendonça Furtado de Arcozello, onde hoje está localizada a cidade de Curuá.

Com o povo reunido, o governador mandou abrir uma clareira no meio da mata, a que ele chamou de praça (local onde hoje está instalada a Praça Barão do Rio Branco, mais conhecida como Praça de Sant’Ana), ou Largo do Pelourinho.

Nela implantou um pelourinho (símbolo da soberania portuguesa), e num ato solene como já vinha ocorrendo nas aldeias por onde passava, elevou a Aldeia dos Pauxis a categoria de Vila com o nome de Óbidos, em homenagem a Vila portuguesa de Óbidos, que segundo Reis (1979, pg. 31), a mudança de nome foi uma determinação do governo português, para que retirasse da região aquele ar bárbaro que possuíam nas denominações.

 Em seguida, nomeou e empossou membros da primeira Câmara Municipal de Óbidos (nascia nesse momento o Poder Legislativo obidense), sendo os escolhidos, aqueles que tinham um pequeno domínio da leitura e da escrita.

Na sequência, nomeou o primeiro Diretor com a incumbência de cuidar da população, organizar os descimentos e dirigir os serviços de interesse coletivos (nascia o Poder Executivo). Deu liberdade aos nativos, até então considerados de menor perante a lei vigente tornando-os cidadãos portugueses.

Nesse mesmo ano, foi criada a Paróquia de Óbidos, subordinada a Diocese de Belém, e Senhora Sant’Ana foi declarada Padroeira da Paróquia de Óbidos.

Como podemos observar, o dia 25 de março é politicamente o marco mais importante que o dia 02 de outubro, quando no ano de 1854 o então Governador da Província do Pará General Sebastião do Rego Barros, assinou a Resolução nº 252, elevando as Vilas de Óbidos, Bragança e Vigia à categoria de cidade, pois nesse momento já tínhamos todos os Poderes constituídos, porém esse fato pouco ou nunca foi lembrado, passando praticamente despercebido pelas autoridades locais.

É de bom alvitre ressaltar que no brasão de Óbidos a data constante é 1758 e não 1854, pois segundo a lei municipal nº 2.590 de 03 de junho de 1974, promulgada pelo ex-Prefeito José Carlos Ferrari, em seu Art. 19, alínea l, consta em seu texto “No listel de goles (vermelho), em letras argentinas (prateadas) inscreve-se o topônimo identificador ‘Óbidos’ ladeados pelos milésimos ‘1697’ de sua fundação e ‘1758’ de sua emancipação política.” (O grifo é nosso)

Este ano, a data deve passar mais uma vez despercebida por nossas autoridades constituídas, quando estamos comemorando o 261º Aniversário de criação dos Poderes Executivo, Legislativo e de um de nossos principais cartões de visita, a Praça Barão do Rio Branco conhecida como Praça de Sant’Ana.

Felizmente, ainda temos em nossa grade curricular a disciplina História de Óbidos que é trabalhada dentro de nossas unidades educacionais, fazendo com que parte dos fatos políticos administrativos de nosso município como este, não caiam no ostracismo ou no baú passivo da história.

* Prof. Esp. Carlos Augusto Sarrazin Vieira

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