João Canto.
No dia 2 de outubro, Óbidos, conhecida como a “cidade mais portuguesa da Amazônia”, celebra 328 anos de fundação. A data não marca apenas um aniversário, mas reafirma a importância histórica, cultural e estratégica de um dos municípios mais emblemáticos do Pará, Amazônia.
Raízes e fortificações
A origem de Óbidos remonta a 1697, quando a região ainda era uma aldeia indígena, habitada pelos Pauxis. Localizada em um ponto estratégico do rio Amazonas — com apenas 1,8 km de largura, a menor de todo curso do rio, denominada “Garganta do Rio Amazonas” — a área despertou a atenção dos portugueses.
Sob o comando do Capitão-General Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, foi erguido o Forte de Santo Antônio dos Pauxis, nome em homenagem aos povos indígenas que habitavam a região. A fortificação permitiu o controle da navegação, a cobrança de dízimos e a consolidação da soberania portuguesa na Amazônia.
Em 1758, a aldeia foi elevada à categoria de vila e passou a se chamar Óbidos, em referência à homônima em Portugal.
O baluarte da Amazônia
Com o tempo, a cidade ganhou outras fortificações, como a Fortaleza Gurjão, na Serra da Escama, onde ainda resistem antigos canhões Armstrong. Essa vocação militar fez de Óbidos um verdadeiro “Baluarte da Amazônia”, papel reafirmado durante a Revolução Cabana, um dos maiores conflitos sociais do Brasil, em que a cidade foi palco de resistência e combates.
Óbidos também esteve à frente do desenvolvimento regional, sendo uma das primeiras cidades do interior amazônico a contar com luz elétrica e água canalizada, prova de sua capacidade de adaptação e progresso.
Berço de cultura e intelectuais
A importância de Óbidos vai além das armas e das estratégias. A cidade é berço de grandes nomes da literatura brasileira, como José Veríssimo e Inglês de Sousa, ambos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Atualmente, os obidenses mantêm viva essa veia literária por meio da Academia Artística e Literária de Óbidos (AALO), que congrega escritores locais. Essa herança intelectual reflete a efervescência cultural que marcou — e ainda marca — a trajetória do município.
Hoje, essa identidade se mantém viva nas tradições, nas manifestações culturais e no Carnapauxis, carnaval de rua que reúne milhares de foliões e reforça a alegria e criatividade do povo obidense, os famosos “fivelas”.
Uma cidade que resiste e se reinventa
Ao celebrar seus 328 anos de história, Óbidos, apesar das dificuldades, reafirma seu papel como cidade de resistência, de cultura vibrante e de importância estratégica para a Amazônia. Entre memórias militares, legados literários e tradições populares, a cidade se projeta para o futuro sem esquecer a força de seu passado.
Parabéns, Óbidos, por sua história de bravura e pela herança cultural que segue iluminando a Amazônia.
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