A coletânea “Escrevo, Logo Existo: Narrativas Femininas Sem Fronteiras” acaba de ganhar destaque com a publicação de seu primeiro volume, que reúne vozes plurais da literatura feminina. Entre os capítulos, está a homenagem à escritora obidense Edithe Carvalho (in memoriam), reconhecida como um dos pilares da identidade cultural e literária de Óbidos e da Amazônia.
O capítulo dedicado a Edithe integra o eixo Literatura de Expressão Amazônida, e apresenta a trajetória da autora como uma mulher negra amazônida, cuja identidade e cultura africana se entrelaçam com a floresta e com a ancestralidade. Mais do que uma escritora de escrevivência afrofeminina, Profa. Edithe é lembrada como símbolo de resistência, criatividade e afirmação da cultura afroamazônida.
O Capítulo 18, que inicia na página 251 do livro dedicado à Profa. Edithe, intitulado “A (Re)Existência Feminina entre Palavras e Raízes Afroamazônidas: Vida e Literatura de Edithe Carvalho”, tem como autores Danielly Samara Mafra Pereira, João Neto Sousa Rodrigues e Itamar Rodrigues Paulino, todos vinculados à Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), na condição de alunos e professor.
Conforme escrevem os autores do texto, “A literatura amazônica é uma manifestação cultural essencial para a preservação da identidade dos povos da região. Edithe desde cedo demonstrou talento para a literatura e sua primeira obra publicada foi a poesia Limão, Limãozinho e, posteriormente dedicou-se a escrever contos e narrativas que exploravam a cultura e a história amazônica. Seu livro mais conhecido Amazônia: contos, lendas, ritos e mitos (2010) tornou-se referência acadêmica em Belém; Santarém; Óbidos; Berlin, Capital da Alemanha; Paris, capital da França e em São Paulo (Canto, 2022). Edithe buscou retratar a diversidade étnica e cultural da Amazônia em Amazônia: contos, lendas, ritos e mitos, apresentando narrativas que resgatam o imaginário popular como lendas de seres encantados e ritos ancestrais”.(Pág. 260)
Nascida em Óbidos, sua vida e obra se destacam pela força com que expressou pertencimento, identidade e a riqueza de histórias que formam a Amazônia. Sua escrita continua sendo referência na literatura contemporânea, convidando leitores a refletirem sobre memória, ancestralidade e a experiência feminina.
Uma coletânea de vozes femininas
O volume 1 da coletânea “Escrevo, Logo Existo” está disponível no site da Editora Schreiben e apresenta textos organizados em cinco eixos temáticos, segundo os autores:
- Cartografias da alma – subjetividade, interioridade e loucura como formas de expressão;
- Escritas do sagrado – reflexões sobre mística, feminino e transcendência;
- Narrativas de si – relatos de mulheres silenciadas pela história, preservadas pela memória e literatura;
- A palavra como herança – valorização do feminino ancestral afro-indígena e sertanejo;
- A palavra sagrada – corpo, espiritualidade, arquétipos e mitos entrelaçados em poesia.
Mais que um projeto editorial, a coletânea se propõe a ser um coral de vozes que desafiam o silêncio e reafirmam a diversidade da escrita feminina. São memórias, análises, ensaios e reflexões críticas que ecoam insurgências e transformam a palavra em território de liberdade.
Reconhecimento e registros memoriais
A publicação contou com a colaboração de Andreia Carvalho, Luê Rayera Carvalho e Klinge Carvalho, responsáveis por registros memoriais sobre Dona Edithe. A organização do livro é assinada por Wiliam Alves Biserra, Andréa Cerqueira e Dirce Maria da Silva.
Com essa homenagem, Edithe Carvalho reafirma seu lugar na história da literatura amazônida, inspirando novas gerações e fortalecendo a representatividade feminina no cenário cultural obidense e paraense.
👉 O livro pode ser acessado no site da Editora Schreiben.
www.obidos.net.br – Por João Canto